sábado, 25 de abril de 2009

A linguagem didática e a rotina escolar na relação professor-aluno

Aspectos Psicológicos:
Toda linguagem, para bem exercer sua função de comunicar, precisa ser correta, clara, simples, precisa, concisa e expressiva. Contudo, estes aspectos têm diferentes nuanças, consoante ao papel que a linguagem falada ou escrita desempenha em um determinado contexto. O tom de voz e o ritmo no falar diferem se estamos dando uma aula, fazendo um discurso, conversando com um amigo, transmitindo uma ordem etc
Para uma linguagem didática, é importante transmitir bem a mensagem facilitando a sua capacitação. A linguagem do professor deve primar pela clareza e simplicidade. A voz deve ser agradável, bem audível e a dicção a mais perfeita possível.
O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.
Para atingir satisfatoriamente uma boa interação no processo de comunicação, é preciso levar em conta: o manejo dos recursos da linguagem ( variar o tom de voz, falar com simplicidade sobre temas complexos); conhecer bem o nível de conhecimentos dos alunos; ter um bom plano de aula e objetivos claros; explicar aos alunos o que se espera deles em relação a assimilação da matéria.
A rotina escolar é um conjunto de normas e exigências explícitas que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar favorável ao ensino e controlar as ações e comportamento dos alunos. A rotina escolar é um método de organização indispensável na sala de aula. A disciplina na classe está vinculada à organização e preparação do professor para a aula e constitui um conjunto de capacidades, habilidades e hábitos pedagógicos-didáticos necessários para dirigir com eficácia a transmissão e assimilação de conhecimentos aos alunos.
Temos ainda a “Educação Inclusiva” que nos remete a pensar sobre o significado do termo “Inclusão”. O conceito de Inclusão é movimento voltado para atendimento às necessidades da criança, buscando o currículo correto para incluí-la, não uma invenção da escola, mas uma ideologia, ou seja, não significa apenas “colocar para dentro”, ficando assim o questionamento de como despertar a aceitação da sociedade brasileira, para luta pela inclusão de crianças (indivíduos) com necessidades especiais. Não só a escola, mas o professor também deve estar preparado para o atendimento das necessidades do aluno.

Aspectos Filosóficos
A capacidade do educador de pensar sobre sua prática cotidiana vai muito além de enumerar as teorias da educação de acordo com as concepções pedagógicas e de saber se está sendo construtivista, tradicionalista, idealista ou racionalista. A atitude filosófica, requer a habilidade de identificar, analisar e resolver os problemas da educação.
De acordo com Saviani, a tarefa de Filosofia da Educação é de oferecer aos educadores um método de reflexão que lhes permitam encarar os problemas educacionais, penetrando na sua complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: conflito entre filosofia de vida e ideologia na atividade do educador, a relação entre meios e fins da educação, a relação entre teoria e prática, os condicionamentos da atividade docente, até onde se pode contá-los ou superá-los Saviani (2000: 23).
Nossa educação tem sido pautada pelos princípios do silêncio, da obediência, do autoritarismo, da hierarquia, da ordem, da passividade, da dissimulação, (fingir o ensinar e o aprender) da omissão, da exclusão, da fraude, da rotulação e da desigualdade. Como resultado dessa prática espera-se que o aluno seja um cidadão crítico, atuante, participativo, honesto, solidário, criativo e humano. É a grande contradição se revelando entre o discurso e o fazer pedagógico.

Resumo da História da Educação no Brasil

(dos Jesuítas até 1932) Educação Tradicional: A escola como o espaço para a aquisição do conhecimento, que tem o professor como o mediador entre o aluno e os modelos culturais a serem transmitidos. O professor é o centro do saber, aquele que passa o conteúdo expositivamente para o aluno, que deve passivamente ouvir e se apropriar das informações transmitidas. Os produtos finais de sua aprendizagem, tais como exercícios de aula ou para casa e avaliações, são os indicadores de que o ensino foi eficiente ou não e de que aquele aluno foi capaz de acompanhar ou não, tendo como ideal constante que os alunos sejam capazes de reproduzir com exatidão o conteúdo transmitido. Pouca é a atenção dada a um indivíduo particularmente, há uma tendência a tratar todos igualmente, requerendo de todos o mesmo ritmo de trabalho, as mesmas leituras e os mesmos conhecimentos adquiridos. Volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. Privilegia as atividades intelectuais e o raciocínio abstrato. Em termos gerais, é um ensino que tem como cerne de sua preocupação a aquisição de uma variedade e quantidade de informações/noções/conceitos e não a formação do pensamento reflexivo. Traduz-se num processo de impressão e pura receptividade, em que o sujeito tem papel insignificante na elaboração do conhecimento.

Em 1932 iniciou-se um movimento com intenções declaradas de mudanças nas tendências do ensino no Brasil. Isso aconteceu no governo de Getúlio Vargas, era o início da ESCOLA NOVA, onde o professor não se comporta como o transmissor ativo e sim um facilitador de aprendizagem, onde o aluno é um “ser ativo” centro do processo de aprendizagem. Essa é uma escola democrática onde a escola é proclamada para todos.
A Educação Humanista teve como principal precursor Rogers. Nesta abordagem, o ensino é centrado no aluno, considerado uma pessoa integrada, em que suas dimensões emocional e intelectual são igualmente valorizadas e sua aprendizagem advêm de sua própria experiência. O professor não é um transmissor de conteúdo, ele dá assistência, sendo um facilitador da aprendizagem (o Orientador), Ou seja, o professor não ensina, apenas cria condições para que os alunos aprendam, fundamentalmente através de sua postura autêntica, congruente e empática. O professor cria o seu próprio repertório facilitador da aprendizagem. Não existem modelos prontos ou regras a seguir ou resultados finais esperados, mas sim, um processo de vir a ser. A ênfase da Educação Humanista está no processo. O objetivo é liberar sua capacidade de auto-aprendizagem para que busque ampliar e modificar seu aprendizado pessoal. É o despertar da autonomia, a responsabilidade pelas próprias opções, a autodescoberta, a autodeterminação, a capacidade de cooperação com o próximo. Para finalizar, vale enfatizar a predominância não-diretiva desta abordagem, baseada em relações entre iguais e nas auto-avaliações do aluno e do professor.

Com a instalação da ditadura militar em 1964 onde tem início a ESCOLA TECNICISTA, e o modelo americano é instituído em nosso país. O professor é um técnico com eficiência e eficácia, e o aluno é um elemento para quem o material é preparado. O tecnicismo empregado em todas as áreas impede o aluno de criar e pensar, impede o aluno da expressão dialética e confina o conhecimento ao limite dos verbos precisos. Para esta escola se efetuar e exercer seu papel social e este era ditado pelos militares que detinham o poder, foram divulgados modelos e métodos educacionais com aparelhos que impressionam e dão contornos “fantásticos” as formas de ensinar. Pode-se tudo pelo bem do tecnicismo, exceto a vontade popular de criar ou recriar. Foi nesta época que instalaram os recursos audiovisuais, instrução programada e o ensino individualizado.
A Escola Comportamentalista teve como principal precursor Skinner. O conhecimento é o resultado direto da experiência. Tanto a ciência quanto o comportamento são considerados formas de se conhecer os eventos. O ensino é composto por padrões de comportamento que podem ser mudados através do treinamento, segundo objetivos pré-fixados. Os objetivos do treinamento são as categorias de comportamento ou habilidades a serem desenvolvidas. Tanto o professor pode modificar seu comportamento, em prol da melhor estratégia de ensino, maximizando o aprendizado e o desempenho do aluno; quanto o aluno pode modificar seus comportamentos ao longo do tempo e realizar novos aprendizados, se atualizando. A educação está intimamente ligada à transmissão cultural. O professor passa a ser planejador, reforçador, condutor e avaliador de todo o processo de ensino-aprendizagem (o Técnico), com vistas a produzir uma instrução mais eficiente, baseada em pequenos passos, dando feedback constante aos alunos. O aluno é aquele que tem seu ritmo próprio, progride em pequenos passos e que deve chegar a aquisição de uma dada competência que lhe foi estipulada. O aluno é produto do meio, mas também é reativo a ele, por isto a importância de um olhar atento por parte do professor e do uso de estratégias educacionais que maximizem o aprendizado. Sob certas circunstâncias faz o uso de recompensas positivas ou de punições que modelem o comportamento desejado. Há uma ênfase na programação do ensino para sua maior eficiência.

Com a queda da ditadura os movimentos democráticos explodiram e junto com ele em 1983 dá-se início a ESCOLA CRÍTICA, que vem embalada pelos anseios de liberdade e traz em seu bojo uma gama de cidadãos que tinham sido exilados, e que no exílio aprenderam e retornaram com novas idéias e métodos de ensino. Nela o professor é o educador que direciona a forma de aprendizagem com participação concreta do aluno, aluno cidadão, que faz e cria a história. A escola é valorizada em sua totalidade para todas as camadas da população. Grandes educadores emergem com a liberdade e esta época é completa. Existe uma articulação entre o educador e o educando, sendo utilizado todas as formas que possibilitem a apreensão crítica dos conteúdos programáticos.
A Educação Sócio-cultural teve como principal precursor Paulo Freire. Nesta abordagem, o homem se constrói e chega a ser sujeito na medida em que, integrado em seu contexto, reflete sobre ele e com ele se compromete, tomando consciência de sua historicidade (crítica pessoal). A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento estão ligados ao processo de conscientização, que é sempre inacabado, contínuo e progressivo, é uma aproximação crítica da realidade, pautado na reflexão e na ação. A educação assume caráter amplo, não restrito à escola e nem a um processo de educação formal, deve ser ela um local onde seja possível o crescimento mútuo, do professor e dos alunos. Educador e educando se educam entre si. É uma relação horizontal, não imposta, em que o diálogo é desenvolvido, ao mesmo tempo em que são oportunizadas a cooperação, a união, a organização e a solução em comum de problemas. A avaliação do processo de aprendizado consiste numa auto-avaliação de aluno e professor individualmente e mutuamente, os quais saberão quais são suas dificuldades e seus progressos.

Referência:
Mizukami, ‘Ensino: as abordagens do processo’, de 1986.
FERREIRA, Títo Lívio. História da Educação Lusobrasileira. São Paulo: Saraiva, 1966.
TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. São Paulo: Ed. Nacional, 1976.
SODRÉ, Nelson Werneck. O que se deve ler para conhecer o Brasil. Rio de Janeiro: INEP/MEC, 1960.

2 comentários:

Ilm Pin disse...

O sobrenome do professor Hamilton, autor do artigo Filosofia, na Comu nidade Alunos, é Werneck?
Se não for qual é o sobrenome dele para fins de referências bibliográficas?
Abraços,
Ilm

blogger disse...

Prezado;

Simplesmente esclarecedor! Parabéns!

Adelson