sábado, 25 de abril de 2009

A linguagem didática e a rotina escolar na relação professor-aluno

Aspectos Psicológicos:
Toda linguagem, para bem exercer sua função de comunicar, precisa ser correta, clara, simples, precisa, concisa e expressiva. Contudo, estes aspectos têm diferentes nuanças, consoante ao papel que a linguagem falada ou escrita desempenha em um determinado contexto. O tom de voz e o ritmo no falar diferem se estamos dando uma aula, fazendo um discurso, conversando com um amigo, transmitindo uma ordem etc
Para uma linguagem didática, é importante transmitir bem a mensagem facilitando a sua capacitação. A linguagem do professor deve primar pela clareza e simplicidade. A voz deve ser agradável, bem audível e a dicção a mais perfeita possível.
O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.
Para atingir satisfatoriamente uma boa interação no processo de comunicação, é preciso levar em conta: o manejo dos recursos da linguagem ( variar o tom de voz, falar com simplicidade sobre temas complexos); conhecer bem o nível de conhecimentos dos alunos; ter um bom plano de aula e objetivos claros; explicar aos alunos o que se espera deles em relação a assimilação da matéria.
A rotina escolar é um conjunto de normas e exigências explícitas que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar favorável ao ensino e controlar as ações e comportamento dos alunos. A rotina escolar é um método de organização indispensável na sala de aula. A disciplina na classe está vinculada à organização e preparação do professor para a aula e constitui um conjunto de capacidades, habilidades e hábitos pedagógicos-didáticos necessários para dirigir com eficácia a transmissão e assimilação de conhecimentos aos alunos.
Temos ainda a “Educação Inclusiva” que nos remete a pensar sobre o significado do termo “Inclusão”. O conceito de Inclusão é movimento voltado para atendimento às necessidades da criança, buscando o currículo correto para incluí-la, não uma invenção da escola, mas uma ideologia, ou seja, não significa apenas “colocar para dentro”, ficando assim o questionamento de como despertar a aceitação da sociedade brasileira, para luta pela inclusão de crianças (indivíduos) com necessidades especiais. Não só a escola, mas o professor também deve estar preparado para o atendimento das necessidades do aluno.

Aspectos Filosóficos
A capacidade do educador de pensar sobre sua prática cotidiana vai muito além de enumerar as teorias da educação de acordo com as concepções pedagógicas e de saber se está sendo construtivista, tradicionalista, idealista ou racionalista. A atitude filosófica, requer a habilidade de identificar, analisar e resolver os problemas da educação.
De acordo com Saviani, a tarefa de Filosofia da Educação é de oferecer aos educadores um método de reflexão que lhes permitam encarar os problemas educacionais, penetrando na sua complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: conflito entre filosofia de vida e ideologia na atividade do educador, a relação entre meios e fins da educação, a relação entre teoria e prática, os condicionamentos da atividade docente, até onde se pode contá-los ou superá-los Saviani (2000: 23).
Nossa educação tem sido pautada pelos princípios do silêncio, da obediência, do autoritarismo, da hierarquia, da ordem, da passividade, da dissimulação, (fingir o ensinar e o aprender) da omissão, da exclusão, da fraude, da rotulação e da desigualdade. Como resultado dessa prática espera-se que o aluno seja um cidadão crítico, atuante, participativo, honesto, solidário, criativo e humano. É a grande contradição se revelando entre o discurso e o fazer pedagógico.

Resumo da História da Educação no Brasil

(dos Jesuítas até 1932) Educação Tradicional: A escola como o espaço para a aquisição do conhecimento, que tem o professor como o mediador entre o aluno e os modelos culturais a serem transmitidos. O professor é o centro do saber, aquele que passa o conteúdo expositivamente para o aluno, que deve passivamente ouvir e se apropriar das informações transmitidas. Os produtos finais de sua aprendizagem, tais como exercícios de aula ou para casa e avaliações, são os indicadores de que o ensino foi eficiente ou não e de que aquele aluno foi capaz de acompanhar ou não, tendo como ideal constante que os alunos sejam capazes de reproduzir com exatidão o conteúdo transmitido. Pouca é a atenção dada a um indivíduo particularmente, há uma tendência a tratar todos igualmente, requerendo de todos o mesmo ritmo de trabalho, as mesmas leituras e os mesmos conhecimentos adquiridos. Volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. Privilegia as atividades intelectuais e o raciocínio abstrato. Em termos gerais, é um ensino que tem como cerne de sua preocupação a aquisição de uma variedade e quantidade de informações/noções/conceitos e não a formação do pensamento reflexivo. Traduz-se num processo de impressão e pura receptividade, em que o sujeito tem papel insignificante na elaboração do conhecimento.

Em 1932 iniciou-se um movimento com intenções declaradas de mudanças nas tendências do ensino no Brasil. Isso aconteceu no governo de Getúlio Vargas, era o início da ESCOLA NOVA, onde o professor não se comporta como o transmissor ativo e sim um facilitador de aprendizagem, onde o aluno é um “ser ativo” centro do processo de aprendizagem. Essa é uma escola democrática onde a escola é proclamada para todos.
A Educação Humanista teve como principal precursor Rogers. Nesta abordagem, o ensino é centrado no aluno, considerado uma pessoa integrada, em que suas dimensões emocional e intelectual são igualmente valorizadas e sua aprendizagem advêm de sua própria experiência. O professor não é um transmissor de conteúdo, ele dá assistência, sendo um facilitador da aprendizagem (o Orientador), Ou seja, o professor não ensina, apenas cria condições para que os alunos aprendam, fundamentalmente através de sua postura autêntica, congruente e empática. O professor cria o seu próprio repertório facilitador da aprendizagem. Não existem modelos prontos ou regras a seguir ou resultados finais esperados, mas sim, um processo de vir a ser. A ênfase da Educação Humanista está no processo. O objetivo é liberar sua capacidade de auto-aprendizagem para que busque ampliar e modificar seu aprendizado pessoal. É o despertar da autonomia, a responsabilidade pelas próprias opções, a autodescoberta, a autodeterminação, a capacidade de cooperação com o próximo. Para finalizar, vale enfatizar a predominância não-diretiva desta abordagem, baseada em relações entre iguais e nas auto-avaliações do aluno e do professor.

Com a instalação da ditadura militar em 1964 onde tem início a ESCOLA TECNICISTA, e o modelo americano é instituído em nosso país. O professor é um técnico com eficiência e eficácia, e o aluno é um elemento para quem o material é preparado. O tecnicismo empregado em todas as áreas impede o aluno de criar e pensar, impede o aluno da expressão dialética e confina o conhecimento ao limite dos verbos precisos. Para esta escola se efetuar e exercer seu papel social e este era ditado pelos militares que detinham o poder, foram divulgados modelos e métodos educacionais com aparelhos que impressionam e dão contornos “fantásticos” as formas de ensinar. Pode-se tudo pelo bem do tecnicismo, exceto a vontade popular de criar ou recriar. Foi nesta época que instalaram os recursos audiovisuais, instrução programada e o ensino individualizado.
A Escola Comportamentalista teve como principal precursor Skinner. O conhecimento é o resultado direto da experiência. Tanto a ciência quanto o comportamento são considerados formas de se conhecer os eventos. O ensino é composto por padrões de comportamento que podem ser mudados através do treinamento, segundo objetivos pré-fixados. Os objetivos do treinamento são as categorias de comportamento ou habilidades a serem desenvolvidas. Tanto o professor pode modificar seu comportamento, em prol da melhor estratégia de ensino, maximizando o aprendizado e o desempenho do aluno; quanto o aluno pode modificar seus comportamentos ao longo do tempo e realizar novos aprendizados, se atualizando. A educação está intimamente ligada à transmissão cultural. O professor passa a ser planejador, reforçador, condutor e avaliador de todo o processo de ensino-aprendizagem (o Técnico), com vistas a produzir uma instrução mais eficiente, baseada em pequenos passos, dando feedback constante aos alunos. O aluno é aquele que tem seu ritmo próprio, progride em pequenos passos e que deve chegar a aquisição de uma dada competência que lhe foi estipulada. O aluno é produto do meio, mas também é reativo a ele, por isto a importância de um olhar atento por parte do professor e do uso de estratégias educacionais que maximizem o aprendizado. Sob certas circunstâncias faz o uso de recompensas positivas ou de punições que modelem o comportamento desejado. Há uma ênfase na programação do ensino para sua maior eficiência.

Com a queda da ditadura os movimentos democráticos explodiram e junto com ele em 1983 dá-se início a ESCOLA CRÍTICA, que vem embalada pelos anseios de liberdade e traz em seu bojo uma gama de cidadãos que tinham sido exilados, e que no exílio aprenderam e retornaram com novas idéias e métodos de ensino. Nela o professor é o educador que direciona a forma de aprendizagem com participação concreta do aluno, aluno cidadão, que faz e cria a história. A escola é valorizada em sua totalidade para todas as camadas da população. Grandes educadores emergem com a liberdade e esta época é completa. Existe uma articulação entre o educador e o educando, sendo utilizado todas as formas que possibilitem a apreensão crítica dos conteúdos programáticos.
A Educação Sócio-cultural teve como principal precursor Paulo Freire. Nesta abordagem, o homem se constrói e chega a ser sujeito na medida em que, integrado em seu contexto, reflete sobre ele e com ele se compromete, tomando consciência de sua historicidade (crítica pessoal). A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento estão ligados ao processo de conscientização, que é sempre inacabado, contínuo e progressivo, é uma aproximação crítica da realidade, pautado na reflexão e na ação. A educação assume caráter amplo, não restrito à escola e nem a um processo de educação formal, deve ser ela um local onde seja possível o crescimento mútuo, do professor e dos alunos. Educador e educando se educam entre si. É uma relação horizontal, não imposta, em que o diálogo é desenvolvido, ao mesmo tempo em que são oportunizadas a cooperação, a união, a organização e a solução em comum de problemas. A avaliação do processo de aprendizado consiste numa auto-avaliação de aluno e professor individualmente e mutuamente, os quais saberão quais são suas dificuldades e seus progressos.

Referência:
Mizukami, ‘Ensino: as abordagens do processo’, de 1986.
FERREIRA, Títo Lívio. História da Educação Lusobrasileira. São Paulo: Saraiva, 1966.
TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. São Paulo: Ed. Nacional, 1976.
SODRÉ, Nelson Werneck. O que se deve ler para conhecer o Brasil. Rio de Janeiro: INEP/MEC, 1960.

sábado, 18 de abril de 2009

Filosofia

“Fazer com que os homens se sintam inconfortáveis, eis a minha tarefa.” Nietzsche

1 – Introdução

A Filosofia nasce na Grécia por volta do século VI (ou VII) a.C. Pitágoras (séc. VI a.C.), um desses sábios, usou pela primeira vez a palavra filosofia (philos - sophia) que significa “amor à sabedoria”.
Por meio de longo processo histórico, surge promovendo a passagem do saber mítico ao pensamento racional, sem, entretanto, romper bruscamente com todos os conhecimentos do passado.
Nos primórdios todo o conhecimento provinha dos mitos, que eram narrativas sagradas. Nelas contavam-se como, por ação de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir. “É sempre, portanto, a narrativa de uma criação: ele revela de que modo algo foi produzido e passou a ser.” (ELIADE, 1998, p.11)
Assim sendo, a filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos (saber racional) em oposição ao mito (saber alegórico).
O surgimento da polis, cidade-estado grega, está intimamente ligado à utilização dos logos (razão) para solucionar os problemas dos homens.
Isso se deve ao fato de a polis ser uma criação dos homens, dos cidadãos e não dos deuses, o que permite a sua explicação não pelos mitos, mas pela razão.
Criam-se assim novos valores, o do debate, da exposição clara das idéias, o do raciocínio correto, que conduz ao modo adequado para se pensar as coisas.
Se considerarmos a Filosofia como atividade racional voltada à discussão e à explicação intelectualizada das coisas que nos circundam, tem-se o século VI como a data mais provável de sua origem. Nessa época temos a instituição da moeda, do calendário e da escrita alfabética, o crescimento da navegação, que favoreceram o intenso contato com outras culturas. Esses acontecimentos propiciaram o processo de desdobramento do pensamento poético em filosófico. De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da Filosofia grega é conhecida como período pré-socrático. Esse período abrange o conjunto das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto (623-546 a.C.) até Sócrates (468-399 a.C.).

2 – O que é Filosofia?

Entre tantos conceitos, elaborados por grandes filósofos ao longo da história, vale citar alguns:
“Uso do saber em proveito do homem o que implica em primeiro, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais valido possível, e, segundo, o uso desse conhecimento em benefício do homem”. Platão.
“Crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens”. John Dewey.
A Filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos. E sim, um modo de pensar, uma postura diante do mundo. Ela vai além do que vemos.
A Filosofia, ao questionar, critica, coloca em dúvida, torna possível o impossível. Torna possível o surgimento de idéias novas, que serão também questionadas e assim sucessivamente.
A vida não é estática, ela está sempre em mudança, numa metamorfose contínua. E como esta própria palavra diz, e para isso acontecer, é preciso que uma forma seja abandonada para que uma outra possa aparecer. É como a relação que existe entre a lagarta e a borboleta. A lagarta troca de forma para que a borboleta possa surgir.
Fatos e objetos nos provocam a conhecê-los, interpretá-los, dominá-los. O que nos atrai não é somente o objeto ou o fato em si, mas aquilo que nele está desconhecido, aquilo que ele contém de oculto. Isso sim nos intriga e nos provoca a conhecer mais.
Quando achamos a resposta, por meio do estudo e da investigação, cessa a curiosidade. Mas novas perguntas e novos desafios sempre se levantam. O ser humano organiza e equilibra o seu viver com perguntas e respostas.

3 – O Método Filosófico

Lembremos a figura de Sócrates. Viveu em Atenas no século V a.C. Dizem que era um homem feio, mas, quando falava, era dono de um estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto. Colocava o interlocutor em tal situação, que não havia saída senão reconhecer a própria ignorância. Com isso Sócrates conseguiu rancorosos inimigos. Mas também alguns discípulos. O interessante é que a segunda parte do seu método, que se seguia à destruição da ilusão do conhecimento, nem sempre levava de fato a uma conclusão efetiva. Sabemos disso não pelo próprio Sócrates, que nunca escreveu, mas por seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte.
Afinal, acusado de corromper a mocidade e ser ímpio para com os deuses da cidade, Sócrates foi condenado à morte. A história de sua condenação, defesa e morte é contada no belo diálogo de Platão Apologia de Sócrates. As discussões havidas durante sua prisão são relatadas no Fédon, também de Platão, e versam sobre a imortalidade da alma. (ARANHA, Maria Lucia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Filisofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.)
Os filósofos costumam substituir afirmações por interrogações. Os dogmas (verdades absolutas, inquestionáveis) são transformados em dúvidas, as respostas tornam-se novos questionamentos, aquilo que é considerado como ponto de chegada passa a ser ponto de partida.
Sócrates, como vimos, empregou o diálogo, que podia assumir a forma de ironia maiêutica, ou seja, uma série de questões tendentes a encaminhar a solução de quesitos propostos.
Portanto, método é um conjunto de processos para a pesquisa e demonstração da verdade.
Sintetizando, existem três métodos fundamentais:

a-) o Platônico - a dialética - que consiste em partir de uma hipótese inicial, para, em seguida, fazer a crítica dessa hipótese, bem como das afirmações dela divergentes.
b-) o Aristotélico - o silogismo - ou seja a demonstração através da lógica racional. É o raciocínio formado por três proposições: a primeira, chamada premissa maior; a segunda, premissa menor; e a terceira, conclusão.Ex. Todos os homens são mortais (premissa maior), tu és homem (premissa menor), logo és mortal (conclusão).
c-) o Cartesiano - a intuição - ou a comprovação das afirmações através da análise e estudo dos diversos aspectos secundários que a caso apresente, até que se tenha formado o panorama de seu conjunto.

4 - Divisão Filosófica

Filosofia Especulativa – procura conhecer por conhecer, compreende a Metafísica (ciência das causas primeiras e dos primeiros princípios. Doutrina da essência das coisas. Ex. Crítica do Conhecimento) e a Filosofia da Natureza (é o estudo do ser concreto e particularizado nos diversos gêneros e espécies do plano do fenômeno. Ex. Antropologia).

Filosofia Prática – abrange a Filosofia Moral ou Ética e a Filosofia da Arte ou Estética. A Filosofia Moral ou Ética é o estudo do agir humano.
A Filosofia da Arte ou Estética é o estudo do fazer humano, sob o ponto de vista dos princípios universais que o devem orientar.

Lógica – Ciência que estuda as leis do raciocínio. É a demonstração da verdade.

Juízo – é uma forma de pensamento, isto é, um produto de idéias em que se afirma ou nega algo.
Raciocínio – encadeamento de argumentos mediante o qual dois ou mais juízos apresentados permitem inferir outros.

Sofismas – argumento falso, feito para induzir a erro. Ex. O político A é corrupto; o político B é corrupto; logo todos os políticos são corruptos.

5 – Considerações Finais

A televisão, o jornal, o livro, o rádio, uma revista, a internet, um grupo de amigos entre tantos outros, transmitem idéias e acabam influenciando a nossa visão de mundo. Ao longo da história algumas idéias se destacaram e se tornaram sistemas, correntes de pensamento, ideologias. As idéias têm o seu momento histórico de existir, têm seu tempo de aparecer, crescer, desenvolver-se e até mesmo de morrer.
O poder das idéias é muito maior do que possamos imaginar. Como vimos, a Filosofia nos remete ao questionamento, a interpretação dessas idéias, indo às vezes, mais além quando pretende questionar as estruturas. De alguma maneira buscamos respostas para as coisas que estão ao nosso redor, pois elas nos intrigam.
Podemos dizer que a tarefa da Filosofia é romper com o trivial. Ela provoca, instiga a nossa consciência e nos remete à reflexão. Por isso um filósofo disse certa vez: “Não se ensina a Filosofia, mas ensina-se a filosofar.”


FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Estamos vivendo um novo século, uma nova era, marcada pela velocidade da informação. Quem precisava de um acontecimento histórico para marcar essa passagem teve em 11 de setembro de 2001, o espetáculo da explosão do World Trade Center. Uma das características da pós – modernidade, é a transformação de tragédias em grandes espetáculos.
Na atualidade, a máxima de Karl Marx: “tudo que é sólido desmancha – se no ar”, nunca antes foi tão precisa. Vivemos a era do espetáculo, do fugaz, do efêmero, da velocidade e da virtualidade, onde nada dura, tudo passa. Nossas velhas instituições: família, escola, igreja, polícia, congresso, universidade, a tempos foram atentadas. Hoje a televisão, o rádio, o jornal são fontes consagradas de “verdades e realidades”.
Como herdeiros de uma nova era, mas com corações e mentes no século passado, nos prendemos aos velhos problemas e ignoramos o presente. Apesar de todo avanço tecnológico e científico, existem problemas do século passado que ainda não foram superados – a desigualdade social é um deles.
Procurar pensar o que é Filosofia? O que é Filosofia da Educação? Quais seus representantes? Quais as contribuições das teorias pedagógicas para a melhor compreensão do processo ensino – aprendizagem? Que relações podem ser estabelecidas entre o discurso teórico e a prática pedagógica? São questões que ainda não foram superadas de todo o terreno pedagógico.

FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Definir filosofia e filosofia da educação não é uma questão simples, pois a sua pluralidade conceitual varia de acordo com a concepção epistemológica defendida pelos diferentes filósofos. Para alguns, a filosofia deveria se preocupar com a essência, para outros a atenção deveria voltar – se para o fenômeno, uns acreditam que a busca da verdade é a função da filosofia . Platão considerava a filosofia como o desenvolvimento do saber em benefício do homem.
Iremos considerar a concepção de filosofia e de filosofia da Educação de Demerval Saviani: (...) podemos conceituar filosofia como uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade apresenta. (...) Filosofia da Educação não seria outra coisa senão uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade educacional apresenta (2000:20)
De acordo com esses princípios, a capacidade do educador de pensar sobre sua prática cotidiana, vai muito além de enumerar as teorias da educação de acordo com as concepções pedagógicas e de saber se está sendo construtivista, tradicionalista, idealista ou racionalista. A atitude filosófica, requer a habilidade de identificar, analisar e resolver os problemas da educação.
De acordo com Saviani, a tarefa de Filosofia da Educação é de oferecer aos educadores um método de reflexão que lhes permitam encarar os problemas educacionais, penetrando na sua complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: conflito entre filosofia de vida e ideologia na atividade do educador, a relação entre meios e fins da educação, a relação entre teoria e prática, os condicionamentos da atividade docente, até onde se pode contá-los ou superá-los Saviani (2000: 23).
Os educadores precisam compreender que consciente ou inconscientemente toda prática pedagógica está embasada numa teoria, numa filosofia, ou seja, numa concepção de mundo, de educação e de homem que se pretende formar. Esta deveria ser a primeira definição a ser feita, antes mesmo de se definir quais os objetivos da educação.
Nossa educação tem sido pautada pelos princípios do silêncio, da obediência, do autoritarismo, da hierarquia, da ordem, da passividade, da dissimulação, (fingir o ensinar e o aprender) da omissão, da exclusão, da fraude, da rotulação e da desigualdade. Como resultado dessa prática espera-se que o aluno seja um cidadão crítico, atuante, participativo, honesto, solidário, criativo e humano. É a grande contradição se revelando entre o discurso e o fazer pedagógico.
Nos saberes necessários à prática docente, Paulo Freire nos ensina: No processo de fala e escuta, a disciplina do silêncio a ser assumida com rigor e a seu tempo pelos sujeitos que falam e escutam é um “sine qua” da comunicação dialógica. O primeiro sinal de que o sujeito que fala sabe escutar, é a demonstração de sua capacidade de controlar não só a necessidade de dizer a sua palavra, que é um direito, mas também o gosto pessoal, profundamente respeitável de expressá-la. (2001: 131)
Como esperar do aluno que atravessa a educação básica sobre a égide do silêncio, tenha consciência do seu direito de voz? Mais do que um ser que escreve, o homem pode ser definido como ser que fala. Somos seres narrativos. Nossas relações pessoais, sentimentais, amorosas, são permeadas pela oralidade. A escrita no papel não tem a mesma força ordenatória ou salvadora que tem a palavra expressa pela fala. Os psiquiatras nos seus consultórios e os padres nos confessionários conhecem muito bem esse poder.
Precisamos abrir espaços de comunicação com nosso aluno, permeada pelo ato da fala e da escuta. Deixar que o aluno fale sobre seu cotidiano, seus sonhos, sua família, seus desejos, seus medos, suas desilusões, suas alegrias, suas tristezas, suas fantasias, seus conhecimentos é a forma de considerá-lo como sujeito de sua história. É construir sua identidade e subjetividade pessoal.
Moacir Gadotti, demonstra que se a escola não é o lugar possível para o diálogo para educadores e educandos, é porque na sociedade, a liberdade de expressão não é uma atitude desenvolvida de igual direito para todos. Como desenvolver o diálogo numa sociedade de conflitos? Qual é o papel do educador crítico nessa sociedade? Essas são as questões que irão permear a pedagogia do conflito.
A pedagogia do conflito é a teoria de uma prática pedagógica que procura, não esconder conflito, mas afrontá-lo, desmascarando-o. Para lutar contra as desigualdades, elas devem estar evidentes para todos os membros de uma sociedade e não ser percebida como um fato natural e universal.
Os conflitos existem porque os interesses das classes sociais são divergentes. Uns lutam pela manutenção do “status quo”, outros querem a transformação da estrutura social a fim de que se desenvolva maior equidade social. Nesse contexto, o papel do educador segundo Gadotti deve ser: crítico e revolucionário. Seu papel é o de inquietar, incomodar, perturbar: a função do pedagogo parece ser esta: à contradição(opressor/ oprimido, por exemplo) ele acrescenta a consciência da contradição. Foi isso que fizeram por exemplo Lao-tsé, Sócrates, Marx, Nietzsche, Freud, Mao Tsé- tung, Freint, Amilcar Cabral, Gramsci e outros grandes nomes da história antiga ou contemporânea(1988:120)
Essa não é uma tarefa fácil, mas o educador precisa assumir esse desafio, nessa sociedade de conflitos, de classes e de interesses diferentes, de criar condições necessárias que fortaleçam o aparecimento de uma nova concepção de homem, materializada em pessoas conscientes, solidárias, organizadas e capazes de superar o individualismo. No contexto da dominação política e da exploração econômica capitalista, o papel do educador revolucionário é o de ser um agente atuante do discurso contra-hegemônico.
Toda classe que assume o poder passa a lutar para que o seu conhecimento seja aceito, dizimado e aceito como natural e verdadeiro. O desejo de hegemonia faz com que os outros saberes sejam relegados, esquecidos e eliminados. Nesse sentido é preciso questionar a hegemonia de uma classe e de uma forma de conhecimento e de um discurso. Sendo essas modalidades hegemônicas (poderes) colocadas em evidências, abre-se uma possibilidade de vislumbrar as bases estruturais do sistema capitalista, e dessa forma “minar” o seu sustentáculo.




CONTRIBUIÇÃO DE ALGUNS AUTORES

As idéias filosóficas de Paulo Freire, Moacir Gadotti e Demerval Saviani, contribuíram de forma significativa para a formação da concepção da educação como um ato político e transformador da realidade social. Essa concepção foi lida por muitos professores e pedagogos de forma equivocada. Em consequência, a prática pedagógica passou a ser direcionada para a formação política em detrimento das demais habilidades necessárias a formação de um sujeito atuante na sociedade e conhecedor de sua história.
José Carlos Libâneo irá perceber que o monopólio do conhecimento é o fator que contribui para a manutenção de uma estrutural social. A possibilidade para mudança está na apropriação do conhecimento por parte daqueles que estão à margem da sociedade. Ë este o princípio que irá reger a Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos. Segundo Libâneo, a Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos: (...) postula para o ensino a tarefa de propiciar aos alunos o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades intelectuais, mediante a transmissão e a aquisição ativa dos conteúdos escolares, articulando no mesmo processo, a aquisição e noções sistematizadas e as qualidades individuais dos alunos que lhe possibilitam a auto-atividade e a busca independente e criativa das noções(1994:70).
De acordo com o pensamento de Libâneo, é através do domínio de conteúdos científicos, de métodos de estudos e habilidades e hábitos de raciocínio científico é que os alunos poderão formar consciência crítica face às realidades sociais e assim terão capacidade de assumir no conjunto das lutas sociais a sua condição de agentes ativos das transformações sociais e de si próprios.
Apesar das considerações apresentadas, nosso objetivo não é o de demonstrar, por exemplo uma trajetória teórica de Paulo Freire desde a “Pedagogia do Oprimido” até “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente”, ou sobre a Pedagogia Libertadora, o que não é uma tarefa fácil quando se quer apresentar algo de novo. Paulo freire é um dos autores mais lido, discutido, criticado, odiado e amado por esses rincões do Brasil. É preciso perceber que seus estudos inauguraram a possibilidade de um pensamento autônomo do sistema educacional.
Demerval Saviani, foi um dos pioneiros na década de 70, a desenvolver a tentativa de encaminhar dialeticamente o problema dos objetivos e meios da educação brasileira. Sua teoria, sobre a “curvatura da vara agregada aos pressupostos da pedagogia para além da essência e da existência” causaram várias discussões no seio acadêmico (2000: 62).
O estudo das tendências pedagógicas na prática escolar: liberais e progressistas, realizado por José Carlos Libâneo, trouxe grandes contribuições para o campo educacional. Através da tendência Crítico Social dos Conteúdos, foi possível aos educadores, a compreensão da necessidade da valorização dos conteúdos em confronto com as realidades sociais.
Por sua vez, Moacir Gadotti, através de sua “pedagogia do conflito”, apesar do autor considerá-la como prática e não como teoria, nos demonstra que “toda construção da história e de suas idéias é certamente desconstruída, contraditória, fragmentada, como aliás, a história das idéias de todos os tempos” (1988: 118).
Descrever sobre qualquer um dos autores citados, que com certeza contribuíram de forma significativas e com idéias inovadoras para a compreensão do sistema do ensino brasileiro, sem cair na mesmice ou numa postura passional é quase que impossível. Seus pensamentos representam postulados teóricos que atenderam as expectativas e as necessidades de uma determinada época histórica.

UM NOVO DISCURSO PARA EDUCAÇÃO

O primeiro passo do processo educativo, começa pela consciência de que temos várias descrições do que chamamos de realidade. “Dependendo das palavras, certas coisas existem e são importantes. Se as palavras são outras, estas coisas são lixos (...) Tudo é discurso: a ciência, a religião, o saber, a arte, a educação. Há um discurso opressor e um discurso libertador” Gadotti (1988: 56).
Os discursos (falados , escritos) são materializações das vontades de verdade e de poder. O discurso de quem já está no poder é “opressor” porque o seu objetivo é a manutenção do “status quo” e, o discurso de quem está a margem do poder, pressupõe um discurso “libertador”, pois sua função é o de o homem de sua posição de “oprimido”.
Na escola se faz necessário construir nos alunos a habilidade de escrever e ler as diversas formas de gêneros discursivos. É essa nova forma de encarar a educação que encanta os educadores cansados pelo tecnicismo oficial e pelo neo-tecnicismo progressista. Recupera assim, na sala de aula, a beleza, o indivíduo, o pessoal, o poético, o inconsciente, a emoção.
O real, na atualidade, é uma escrita discursiva. Assim sendo, o termo realidade é complexo, não só porque entre a realidade e a ficção existe uma linha tênue, mas porque ambas estão sendo conceituadas e expostas segundo meios de comunicação cada vez mais inusitados. Em alguns extremos, a virtualidade é preferida frente a realidade.
A adoção por si só das narrativas no espaço escolar, não irá solucionar os problemas do ensino nem tão pouco revelar as nuanças das diversas formas de discursos. É no fazer pedagógico e na relação professor e aluno, que as narrativas devem ganhar sentido e encontrar “jogos de linguagem” ou seus significados.
Os “jogos de linguagem” ou jogos imaginários, são estruturados de diferentes formas, estilos e gêneros recorrentes conforme o interesse em jogo. Há mensagens discursivas que causam maior efeito se forem transmitidas através da música, da poesia, da literatura, de um filme, de uma novela. Há outras que necessitam da obrigatoriedade para poder se impor, ou para que a ordem seja mantida, nesse campo aparecem as leis, os decretos-leis, os ofícios, os memorandos, enfim todo do Código de Direito.
As teorias desenvolvidas pelos professores deveriam ser entendidas como forma de narrativas. A ciência, os mitos, o senso comum, as lendas, são narrativas discursivas construídas pelos homens de forma histórica e social.
Um discurso filosófico, educacional, político, poético, ou literário, são a priori, narrativas, são discursos, são criações humanas elaboradas com o objetivo de conquistar o coração e a mente de outrem em favor do seu desejo de verdade.
Se os diversos discursos forem vistos como narrativas, o professor não pode privilegiar uma forma de conhecimento em detrimento de outra. Amplia-se assim, o acesso a formas variadas de conhecimentos e a utilização de recursos metodológicos como a televisão, o rádio, a internet, o cd-rom, o vídeo-cassete, o gravador, a filmadora etc. O quadro e o giz não podem continuar sendo a única referência do espaço escolar.
Em suma, as velhas fórmulas e as antigas teorias devem ser vistas como conhecimentos necessários para identificar nos atuais discursos o que já foi superado e o que nesse “mar de palavras” pode contribuir para o processo de aprendizagem dos nossos alunos.
Hoje, precisamos nos apropriar de novos instrumentos de análise da realidade social e educacional, pois querer enxergar o presente e vislumbrar o futuro com os olhos do passado é o mesmo que exigir da borboleta que volte ao casulo para aprender a voar com maestria.

BIBLIOGRAFIA:
CERTAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis, Vozes, 1994.
FOUCALT, Michel. A Ordem do Discurso. São Paulo, Loyola, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000.
GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo, Ática,1 988.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez, 1994.
SAVIANI, Demerval. Educação: do Senso Comum à Consciência Filosófica. São Paulo, Autores Associados, 2000.



Texto Complementar: Novos Paradigmas para Educação

O mundo está em constante mudança, principalmente devido à GLOBALIZAÇÃO. Alguns conceitos e preconceitos tem dificultado alguns em acompanhar estas mudanças. Segundo Bacon existem alguns Ídolos da Mente que impedem de se chegar à verdadeira investigação científica, são eles:

1. Os ídolos da Caverna - Quando somos referenciais únicos da verdade
2. Os ídolos da Tribo - A Tradição do Grupo social
3. Os ídolos do Mercado - A força da Palavra (censura)
4. Os ídolos do teatro - a representação da vida.

Precisamos avaliar e reavaliar "as propostas de gabinete" quando estas estão totalmente desassociadas da realidade daqueles com os quais estamos compartilhando algum conhecimento.

I. Os Novos Paradigmas do Aluno
1. O aluno constrói o seu conhecimento. Precisa-se tomar cuidado com o individualismo que tem crescido na sociedade contemporânea.
2. O aluno é considerado com um cliente em formação continuada.
3. O aluno é responsável pela aquisição de novos conhecimentos.

II. Os Novos Paradigmas do Professor
1. O Professor, mais do que nunca, precisa ser visto e atuar como um guia-conselheiro: Um facilitador do processo ensino-aprendizagem.
2. O professor precisa estar em atualização continuada. O aperfeiçoamento da prática docente é vital para o exercício do magistério. Vejam que não estou usando a palavra RECICLAGEM, pois o que é reciclado é lixo...
3. O professor precisa realizar uma mudança constante na seleção de conteúdos, a partir da realidade vivencial em que se encontra com seus alunos.
4. o professor precisa estar se aperfeiçoando e se habilitando nos usos dos diversos usos de instrumento modernos, procurando sempre não cair nos erros do tecnicismo da década de 70.

III.Os Novos paradigmas da Escola
1. O mundo contemporâneo é cada vez mais complexo e exigente, portanto as mudanças são cada vez mais profundas, e assim deve proceder a escola, não por fora, por nomenclatura ou somente de comportamento, mas mudanças de mentalidade.
2. A Escola precisa estar equipada para atender as diversas exigências da modernidade e promover capacitações diferentes para toda a comunidade escolar.
3. A escola precisa assumir o seu papel de adquirir e desenvolver o espírito crítico e a auto-estima do aluno. A escola não pode em hipótese alguma servir como Aparelho ideológico do estado.
4. A Escola precisa criar ambientes físicos que favoreçam trabalhos de grupo, diferenciados e simultâneos.
5. Na era da Cibernética, a escola não pode estar de fora. A Escola precisa investir em ambientes informatizados.

IV. Os Novos paradigmas do Ensino/tecnologia
1. As diversas abordagens psicopedagógicas tem dados suas ênfases, de acordo com seus apologistas, mas com certeza a relação ensino/aprendizagem precisa levar em conta as múltiplas inteligências de seus alunos
2. O ensino precisa ser dinâmico e formador de opinião. A ênfase precisa ser no ensinar a interpretar e a julgar. O ensino precisa ser mais formativo que informativo, pois para isto os alunos têm outros recursos além da escola.
3. O ensino precisa ser informatizado, pois os recursos estão aí para serem "usados e abusados", com propósitos bem delineados pela realidade de cada grupo.
6. O Ensino Interativo. O ensino precisa ser conjugado com imagens, gráfico e sons.
7. O ensino precisa apresentar um outro tipo de informação. A informação apresentada precisa ser não-linear e não seqüencial, para isto temos a Mídia Interativa.
8. O ensino precisa ser na área de saber oferecer recursos para o aluno procurar informações em meios e fontes tradicionais e eletrônicas.
9. O ensino precisa dar oportunidade de simulação via multimídia através da realidade virtual, sem que com isto venhamos a alienar nossos alunos.
10. O ensino precisa de uma visão globalizante. O aluno precisa compartilhar conhecimentos com colegas em locais diferentes do mundo, ou seja, com outras culturas.
11. O ensino precisa apresentar uma nova proposta curricular: visão holística, múltiplas inteligências, integração de conhecimentos (interdisciplinaridade), etc.

conclusão:
Está se buscando um novo caminhar para a educação no próximo milênio. Temos que construir uma pedagogia do caminho, talvez uma "Pedagogia da Busca" ou "Uma Pedagogia da Angústia da Busca". Creio que estamos caminhando para a construção de um novo homem, não nos moldes nietzscheano, mas que somente o tempo poderá revelar que tipo de sociedade estamos construindo e quais as conseqüências de nossas atitudes como educadores do próximo milênio. Nossos filhos e netos nos julgarão...

© Prof. de Filosofia Vanderlei de Barros Rosas - Bacharel e Licenciatura Plena pela UERJ - http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei.htm - acessado em 7/11/2008.


A ROUPA NOVA DO REI
Algumas das estórias de Hans Christian Andersen estão cheias de humor e ironia, como aquela do rei vaidoso que gostava de se vestir elegantemente. Vou recontar esta estória com dois finais: o dele e o meu.
“Havia um rei muito tolo que adorava roupas bonitas. Os tolos, geralmente, gostam de roupas bonitas. Pois esse rei enviava emissários por todo o país com a missão de comprar roupas diferentes. Era o melhor cliente da Daslu. Os seus guarda-roupas estavam entulhados com ternos, sapatos, gravatas de todas as cores e estilos. Eram tantas as suas roupas que ele estava muito triste porque seus emissários já não encontravam novidades.
Dois espertalhões ouviram falar do gosto do rei pelas roupas e viram nisso uma oportunidade de se enriquecerem às custas da vaidade da Majestade. A vaidade torna bobas as pessoas: elas passam a acreditar nos elogios dos bajuladores... Foi isso que aconteceu com um corvo vaidoso que estava pousado no galho de uma árvore com um queijo na boca: por acreditar nos elogios da raposa ficou sem queijo...
Pois os dois espertalhões-raposa foram até o palácio real e anunciaram-se na portaria, apresentando o seu cartão de visitas: “Doutor Severino e Doutor Valério, especialistas em tecidos mágicos.”
O rei já havia ouvido falar de tecidos de todos os tipos mas nunca ouvira falar de tecidos mágicos. Ficou curioso. Ordenou que os dois fossem trazidos à sua presença. Diante do rei fizeram uma profunda barretada, tirando seus chapéus.
“Falem-me sobre o tecido mágico”, ordenou o rei.
Um dos espertalhões, o mais loquaz, se pôs a falar.
“Majestade, diferente de todos os tecidos comuns, o tecido que nós tecemos é mágico porque somente as pessoas inteligentes podem vê-lo. Vestindo um terno feito com esse tecido Vossa Majestade será cercado apenas por pessoas inteligentes, pois somente elas o verão...”
O rei ficou encantado e imediatamente contratou os dois espertalhões, oferecendo-lhes um amplo aposento onde poderiam montar os seus teares e e tecer o tecido que só os inteligentes poderiam ver..
Passados alguns dias o rei mandou chamar o ministro da educação e ordenou-lhe que fosse examinar o tecido. O ministro dirigiu-se ao aposento onde os tecelões estavam trabalhando.
“Veja, excelência, a beleza do tecido”, disseram eles com a mãos estendidas. O ministro da educação não viu coisa alguma e entrou em pânico. “Meu Deus, eu não vejo o tecido, logo sou burro...” Resolveu, então, fazer de contas que era inteligente e começou a elogiar o tecido como sendo o mais belo que havia visto.
“Majestade”, relatou o minsitro da educação ao rei, “o tecido é incomparável, maravilhoso. De fato os tecelões são verdadeiras magos!” O rei ficou muito feliz.
Passados mais dois dias ele convocou o ministro da guerra e ordenou-lhe que examinasse o tecido. Aconteceu a mesma coisa. Ele não viu coisa alguma. “ Meu Deus”, ele disse, “ não sou inteligente. O ministro da educação viu e eu não estou vendo...” Resolveu adotar a mesma tática do ministro da educação e fez de contas que estava vendo. O rei ficou muito feliz com a seu relatório. E assim aconteceu com todos os outros ministros. Até que o rei resolveu pessoalmente ver o tecido maravilhoso. Mas, como os ministros, ele não viu coisa alguma porque nada havia para ser visto. Aí ele pensou: “Os ministros da educação, da guerra, das finanças, da cultura, das comunicações viram. São inteligentes. Mas eu não vejo nada! Sou burro. Não posso deixar que eles saibam da minha burrice porque pode ser que tal conhecimento venha a desestabilizar o meu governo...” O rei, então, entregou-se a elogios entusiasmados ao tecido que não havia.
O cerimonial do palácio determinou então que deveria haver uma grande festa para que todos vissem o rei em suas novas roupas. E todos ficaram sabendo que somente os inteligentes as veriam. A mídia, televisão e jornais, convidaram todos os cidadãos inteligentes a que comparecessem à solenidade.
No Dia da Pátria, a cidade engalanada, bandeiras por todos os lados, bandas de música, as ruas cheias, tocaram os clarins e ouviu-se uma voz pelos alto-falantes:
“Cidadãos do nosso país! Dentro de poucos instantes a sua inteligência será colocada à prova. O rei vai desfilar usando a roupa que só os inteligentes podem ver.”
Canhões dispararam uma salva de seis tiros. Ruflaram os tambores. Abriram-se os portões do palácio e o rei marchou vestido com a sua roupa nova.
Foi aquele oh! de espanto. Todos ficaram maravilhados. Como era linda a roupa do rei! Todos eram inteligentes.
No alto de uma árvore estava encarapitado um menino a quem não haviam explicado as propriedades mágicas da roupa do rei. Ele olhou, não viu roupa nenhuma, viu o rei pelado exibindo sua enorme barriga, suas nádegas murchas e vergonhas dependuradas. Ficou horrorizado e não se conteve. Deu um grito que a multidão inteira ouviu:
“O rei está pelado!”
Foi aquele espanto. Um silêncio profundo. E uma gargalhada mais ruidosa que a salva de artilharia. Todos gritavam enquanto riam: “ O rei está nu, o rei está nu...”
O rei tratou de tapar as vergonhas com as mãos e voltou correndo para dentro do palácio.
Quanto aos espertalhões, já estavam longe e haviam transferido os milhões que haviam ganho para um paraíso fiscal...”
Não foi bem assim que Hans Christian Andersen contou a estória. Eu introduzi uns floreados para torná-la mais atual. Agora vou contar a mesma estória com um fim diferente. Ela é em tudo igual à versão de Andersen, até o momento do grito do menino.
“O rei está pelado!
Foi aquele espanto. Um silêncio profundo. Seguido pelo grito enfurecido da multidão.
“Menino louco! Menino burro! Não vê a roupa nova do rei! Está querendo desestabilizar o governo! É um subversivo, a serviço das elites!”
Com estas palavras agarraram o menino, colocaram-no numa camisa de força e o internaram num manicômio.
Moral da estória: Em terra de cego quem tem um olho não é rei. É doido.
http://www.rubemalves.com.br/oreinu.htm
Matéria publicada no Correio Popular, 11/09/2005
Autor: Rubem Alves





Tema para o trabalho mensal:
1 - O PROFESSOR REFLEXIVO NA ENFERMAGEM

FORMATAÇÃO PARA TRABALHOS
1.1 Formatos
Deve ser utilizado folha de papel branco, de formato A4 (21 cm x 29,7 cm). As fontes (tipos de letras) devem ser a Arial tamanho 12 ou Times New Roman tamanho 13, ambas na cor preta, para digitação em parágrafo normal (corpo do trabalho); e fonte Arial tamanho 10 ou Times New Roman tamanho 11 para citações longas, notas de rodapé, legendas das ilustrações e tabelas (títulos e fontes).
O parágrafo recomendado por este manual é de 1,5 cm a partir da margem esquerda e deve ser justificado (configurar nos itens “Formatar – Tabulação”; digitar o tamanho de “1,5”, clicar em “Definir” e por último em “Ok”).
O destaque em itálico deve ser usado nas palavras ou expressões de língua estrangeira e latim, em nomes de espécies em botânica, zoologia ou paleontologia e em títulos de documentos (livros, revistas, artigos e outros) citados no texto.
1.2 Margens
As margens Superior e Esquerda devem ser de 3 cm e as Inferior e Direita de 2 cm, conforme ilustração.

Figura 1 – Modelo para configuração de margens
1.3 Espaçamento
Deve ser usado espaçamento de 1,5 entre as linhas no corpo do trabalho. Para as citações longas (mais de 3 linhas),as notas de rodapé, as legendas das ilustrações e/ou tabelas e a natureza do trabalho (inserida na folha de rosto) o espaçamento deve ser simples.
Já as referências bibliográficas, devem ser digitadas em espaço simples e separadas entre si por dois espaços simples. O espaçamento entre título e texto e entre texto e titulo deve ser de dois espaços (tecla “enter”) de 1,5; a mesma regra vale para os subtítulos.





Era uma vez uma escola



Andrea Cecilia Ramal



(homenagem a Paulo Freire)

Era uma vez uma escola
onde trabalhava um mestre
que ensinava diferente
de tudo o que conheceste.

Em sua aula, não dizia
"nada sabes, só eu sei",
nem falava assim: "copiem
tudo isso que expliquei".

Disse que não era ele
só quem tinha que ensinar
e falou que todo mundo
tinha algo para dar.

Ninguém educa ninguém"
Ninguém "dá" educação:
"os homens é que se educam,
um ao outro, em comunhão".

Ensinando o alfabeto
não pediu, como já vi
prá escrever "uva", "vovó",
"asa", "ema" ou "siri



pediu prá escrever "tijolo",
"enxada", "trabalhador",
ensinou a escrever "salário",
"justiça", "direito", "amor".

Depois ele então pedia
prá falar nossa opinião
pois essas belas palavras
estavam nas nossas mãos.

Nós sentados sempre em roda
íamos tendo consciência
de que toda a teoria
de que toda a ciência

só têm valor para o mundo
se ajudam a transformar
se ajudam o homem pobre
aos problemas superar.

Naquela sala de aula
se formava todo dia
em nossa humilde cabeça
uma linda utopia

Podemos mudar o mundo!
Prá isso serve aprender!
Prá construir a sociedade
nossa enxada é o saber!

Era assim como se dava
cada aula deste mestre
e no fim não tinha nota
nem tinha prova, nem teste:

Cada um ia falando
se se sentia aprovado
porque percebia em si
como ele tinha mudado.

Tu também vais hoje à escola?
Tu também tens o teu mestre?
E tu, como te avalias
No fim de cada bimestre?


Quanto é que tu mudaste
em razão e sentimento?
O que deste tu ao mundo
com o teu conhecimento?

Não te esqueças de uma coisa:
se acaso o teu professor
não te vê como pessoa,
não procura teu valor

Se contigo nada aprende
se não pode te escutar
e apenas nas suas provas
é que podes te expressar

Se não fala de justiça
se não quer transformação
se não vê na aprendizagem
um instrumento da ação

Se ele nunca põe afeto
na sua aula exemplar
e é só ele quem escolhe
a matéria que vai dar

Fala a ele desse mestre
que acabei de te falar;
conta a ele dessa escola
onde se pode sonhar.

Quem sabe ele te escute
e juntos possam viver
a fascinante aventura
que se chama aprender.




In: Histórias de gente que ensina e aprende. São Paulo: EDUSC, 1999, pp. 27-28.Pubicado em 4/11/2003

ATIVIDADE AVALIATÓRIA DE FILOSOFIA

Pólo: __________________
Curso: _______________________________________________
Disciplina: ___________________________________________
Prof.(a): _____________________________________________

Alunos: _______________________________________________ Data: __/__/2009
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Com base no texto “As roupas novas do rei” responda as questões 1 e 2.
1) A criança com sua voz calou a multidão, envergonhou os ministros, ruborizou a face do rei, desmascarou a ação dos trapaceiros. Retirou dos olhos de todos o véu que encobria suas mentes. Quem é esta criança?
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2) Crianças iguais a esta existiram muitas na história... história da Humanidade, história recente de gente que está por aí, de pessoas que convivem com você. Por que a criança foi capaz de “ver” o que ninguém queria ver?
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3) “Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.” Rubem Alves
A Filosofia, ao questionar, torna possível o impossível. Leva as pessoas à reflexão, a incomodarem-se com verdades, questionamentos e soluções. Partindo dessa idéia, vocês concordam com esta afirmação de Rubem Alves: “escola é lugar de ensinar a fazer perguntas?” Sim? Não? Em termos? Justifiquem.
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