sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Nova Ortografia da Língua Portuguesa

Nova Ortografia da Língua Portuguesa

Profa. Rute Eduarda M.M.O.Telles
Prof. Hamilton de O. Telles Junior

Nosso objetivo é expor a comunidade, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado na cidade de Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995.
O português é a única língua com dois cânones ortográficos, um brasileiro e outro europeu e isso causa muitas dificuldades para difusão do nosso idioma. Havendo uma única forma será mais fácil divulgar nossa literatura no exterior e também a aquisição de livros editados fora do Brasil.
Estas mudanças não são definitivas, outras ainda virão, mas é importante lembrar que a forma falada de nosso idioma não sofre nenhuma mudança.
A Comissão de Língua Portuguesa (Colip), do Ministério da Educação, já propôs que a reforma entre em vigor em 1º de janeiro. Estima-se um período de três anos para transição.

Cronologia das Reformas Ortográficas na Língua Portuguesa

1911 - Primeira reforma ortográfica em Portugal, publicada no Diário do Governo, n.º 213, 12 de Setembro de 1911.
1931 - Primeiro Acordo Ortográfico por iniciativa da Academia Brasileira de Letras e aprovado pela Academia das Ciências de Lisboa, em Portugal publicado no Diário do Govêrno, n.º 120, I Série, 25 de Maio de 1931.
1945 - Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945 ou Acordo Ortográfico de 1945, adoptado em Portugal, mas não no Brasil. Em Portugal publicado como decreto n.º 35.228 no Diário do Governo, 8 de Dezembro de 1945.
1971 - Lei n.º 5765 de 18 de Dezembro, no Brasil, suprimiu o acento circunflexo na distinção dos homógrafos, responsável por 70% das divergências ortográficas com Portugal, e os acentos que marcavam a sílaba subtónica nos vocábulos derivados com o sufixo -mente ou iniciados por -z-.
1973 - Decreto-Lei n.º 32/73 de 6 de Fevereiro, em Portugal, suprimiram-se os acentos que marcavam a sílaba subtónica nos vocábulos derivados com o sufixo -mente ou iniciados por -z-, como já se havia feito no Brasil.
1975 - A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboraram um projeto de acordo que não foi aprovado oficialmente.
1986 - Da reunião de representantes dos, na época, sete países de língua portuguesa (CPLP) no Rio de Janeiro resultaram as Bases Analiticas da Ortografia Simplificada da Lingua Portuguesa de 1945, renegociadas em 1975 e consolidadas em 1986, que nunca chegaram a ser implementadas.
1990 - De nova reunião, desta vez em Lisboa, resulta um novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, previsto para entrar em vigor em 1 de Janeiro de 1994.
1998 - Na cidade da Praia, Cabo Verde, foi assinado um Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que retirou do texto original a data para a sua entrada em vigor.
2004 - Em São Tomé e Príncipe foi aprovado um Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico prevendo que, em lugar da ratificação por todos os países, fosse suficiente que três membros ratificassem o Acordo Ortográfico de 1990 para que este entrasse em vigor nesses países.
2008 - Presidente Luís Inácio Lula da Silva, do Brasil, assina em 29 de Outubro, as mudanças da ortográfia da língua portuguesa no Brasil, que passará a valer a partir de 1 de Janeiro de 2009.

As Mudanças no alfabeto

Acrescenta-se ao nosso alfabeto as letras K, W e Y , que passa a ser composto por 26 letras. O alfabeto completo passa a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z


O Trema

O Trema, dois pontos sobre a letra ü para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que e qui, não se usa mais. Ex. cinqüenta/cinquenta, delinqüente/delinquente, freqüente/frequente, lingüiça/linquiça etc.

Preste Atenção: O acordo prevê o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras, bem como em seus derivados. Exemplos: Müller, mülleriano, Bündchen.

Mudanças nas regras de acentuação

1 - Não será mais usado o Acento Agudo dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima). Ex. alcatéia/alcateia, andróide/androide, apóia/apoia (verbo apoiar), apóio/apoio(verbo apoiar), geléia/geleia etc.

Preste Atenção: As palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis são acentuadas. Exemplos: anéis, herói, heróis, troféu, troféus, ilhéu, ilhéis.

2 - Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos, que formam um hiato com a vogal anterior, quando esta faz parte de um ditongo. Ex. baiúca/baiuca, bocaiúva/bocaiuva, feiúra/feiura etc.


Preste Atenção: As letras i e u continuam a ser acentuadas se estiverem em posição final (sozinhas na sílaba ou seguida de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

3 - O Acento Circunflexo não será mais usado nas palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como é Como ficou
perdôo perdoo
dôo (verbo doar) doo
enjôo enjoo
zôo zoo

Deixa também de ser usado o circunflexo na conjugação de terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados.

Como é Como ficou
crêem (verbo crer) creem
dêem (verbo dar) deem
lêem (verbo ler) leem
vêem (verbo ver) veem


4 – O Acento Diferencial das palavras homófonas, ou seja, que possuem a mesma pronúncia, pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera, deixam de ser acentuadas.

Como é Como ficou
Ele pára o carro. Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.


Preste Atenção:
• Continuarão recebendo o acento diferencial, pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o prato na prateleira que foi feita por mim.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

5 – Será retirado o Acento Agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6 - Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, apaziguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

a) pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) pronunciadas com u tônico, essas formas não serão acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

O Uso do Hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.

O hífen deixa de ser empregado nas seguintes situações:
- quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.
- quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes s ou r. Nesse caso, a consoante obrigatoria¬mente passa a ser duplicada;
- Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal;
- o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o.

Como é Como ficou
Anti-religioso Antirreligioso
Anti-semita Antissemita
Auto-aprendizagem Autoaprendizagem
Contra-regra Contrarregra
Extra-escolar Extraescolar
Co-obrigar Coobrigar
Co-obrigação Coobrigação

Exceções - O Hífen permanece quando:
- o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento também é r. Exemplos: hiper-requintado, super-resistente.
- Sempre se usa o hífen diante de h. Exemplo: anti-higiênico, super-homem, anti-
-histórico.
Atenção:
- subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).
- com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.
- Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplo: anti-inflacionário, auto-observação, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato etc
- Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-
-região, sub-reitor, sub-rogar.
- Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
- Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos: além-mar, ex-aluno, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, sem-terra etc.
- Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, mogi-mirim, capim-açu.
- Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
- Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: girassol, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé etc.

Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos: Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar.


Referências:

Revista Nova Escola – Edição Especial, Ed. Scipione/Ática
http://www.brasilescola.com/portugues/acordo-ortografico-lingua-portuguesa.htm - acessado em 8/10/08
Vieira, J.L.-Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Ed. Edipro, 2008.
Silva,M - Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, O; Ed. Contexto, 2008.
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?typePag=novaortografia&languageText=p acessado em 08/10/08